quarta-feira, 4 de março de 2009
Tempo de Antena
Diz-se que toda a gente tem direito a 15 minutos de fama. Ontem chegou a vez desta senhora (na foto), provavelmente ex-colega de profissão de Carolina Salgado, se tornar famosa. Por ter tentado agredir a ex-primeira dama do Futebol Clube do Porto, Marisa faz hoje capas de jornais e aparece em várias fotografias, um pouco por toda a imprensa diária e blocos noticiosos televisivos.
No jornal Record teve até direito a ser entrevistada. E de acordo com o jornalista responsável por tão digno artigo, apenas foi possível publicar algumas declarações da provável alternadeira, dado que de acordo com o mesmo, "as restantes afirmações era absolutamente impublicáveis".
Será esta a imprensa que temos, onde o sensacionalismo vigora? Nunca, ao longo de mais de dois anos, na imprensa desportiva, assistimos a qualquer trabalho de investigação sobre o caso Apito Dourado ou Apito Final (como foi denominado mais recentemente).
Vigora, acima de tudo, a cultura do medo, onde a publicação de determinadas notícias dá origem a ameaças, agressões, blackouts, etc.
Em Itália, a eclosão do caso Calciocaos motivou um acção judicial rápida (principalmente a desportiva) e muitas paragonas nos jornais, trabalhos profundos de investigação, onde tudo se soube e os culpados foram julgados e punidos.
No país dos brandos costumes à beira mar plantado, nada disso existe. Só para citar um exemplo, um dos arguidos, por várias dezenas de suspeitas de corrupção, mantém o cargo de Presidente da Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol. O que acontecerá no final do julgamento?
Arrisco dois cenários:
Cenário 1 - Daqui por 20 anos, quando os arguidos já tiverem falecido ou estarão em estado catatónico (tipo o ditador chileno Pinochet quando foi julgado), será provado que afinal sempre houve corrupção, mas os mesmos já não poderão ser punidos criminalmente. Em termos desportivos, os casos já prescreveram, pelo que nada acontecerá aos clubes.
Cenário 2 - Daqui por 5 anos (que utopia) decidem arquivar todo o processo por falta de provas e o único culpado (vulgo, bode expiatório), será um árbitro dos distritais da Associação de Futebol de Faro, que eventualmente terá recebido uma sandes de courato para beneficiar o Castromarinense no derby regional frente ao Lusitano de Vila Real de Santo António.
Será que algum dia alguém tem vergonha na cara neste país? Ou vamos abrir falência como a Islândia? A falência moral, pelo menos, já é lei neste país... há muitos anos!
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