sábado, 20 de setembro de 2008

À sombra dos brindes


Vender jornais e revistas, nos últimos anos, requer, essencialmente, metros quadrados. Não apenas para guardar os próprios, mas, sobretudo, para armazenar toda a parafernália que nos é oferecida. Quem compra Caras, leva um par de chinelos João Rolo; quem lê a Lux é presenteado com um fantástico páreo estampado assinado pelo Tenente.

Tudo serve para vender. Recordo com saudade as colecções de posters de figuras religiosas (ainda hoje tenho uma irmã Lucia para troca, caso haja interessados) que fizeram disparar as vendas do DN, ou de cruzes históricas que esgotaram edições do 24 horas, por exemplo, em S. Estevão de Baixo.

Já quase não se compram jornais pelo conteúdo. Escolhe-se o brinde e vê-se com que jornal ou revista vem.

Mas ainda havia alguns resistentes. Havia porque hoje o Sol traz "oficialmente" brinde. Contrariamente ao que o seu director defendeu no arranque do jornal, também o Sol se rendeu aos encantos do Marketing, das ofertas e promoções. A ver vamos se o "logro" se reflecte em vendas.

Um jornal, hoje em dia, é muito mais que isso. É um produto alargado, do qual a informação é apenas uma das variáveis em análise.

Ah, e, pelos vistos, no jornalismo ou no mundo empresarial, a única palavra que conta é a do accionista.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os brindes desvirtuam, adulterando os números da APCT e as tabelas publicitárias.

Por outro lado, as audiências são enviesadas pelas campanhas publicitárias dos jornais (muitas vezes para promover os brindes).

Os responsáveis pela principal fonte de receita de jornais e revistas estão a pagar para chegar a leitores que não o são.