Divagando sobre a sua suposta intelectualidade, Pedro Passos Coelho, em entrevista à Pública do passado fim-de-semana, deixa cair em jeito familiar como quem fala de amigos de adolescência, uma série de nomes da intelectualidade mainstream dos séculos XIX e XX. O problema é que, embora tendo acertado nos nomes, falhou-lhe o título de uma obra de Sartre. Para quem queria passar uma imagem de familiaridade, saíu-lhe o tiro ao lado. É como dizer que se é íntimo de fulano e que se é visita da casa da Lapa e na verdade fulano vive no Estoril.
A pseudo-intelectualidade e o name dropping, como Pacheco Pereira tão bem aponta são características de português - os nomes impressionam os pequeninos e o conteúdo nunca impressionou as massas.
A assessoria de um homem que tem ambições de chegar a Primeiro-Ministro passa também por limar estas arestas. Por abafar este instinto natural para o pseudo-conhecimento e dissimular as lacunas culturais e educativas de alguém que almeja sentar-se em jantares de Estado. Há coisas que só o berço dá e a morte tira, já diz a sabedoria da arraia miúda. Mas o que o berço não deu pode um bom assessor tentar disfarçar.
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