Não querendo "fechar" a discussão em torno de alguns blogs, considero este comentário, tal como outros anteriormente feitos, merecedor de um esclarecimento.
Mas antes da resposta propriamente dita, permitam-me um apontamento. Luís Paixão Martins, LPM no mundo da comunicação, é, provavelmente e sem grandes margens para dúvidas, quem mais sabe disto em Portugal. Outros haverá que se colocam em bicos de pés, mas pela experiência e resultados alcançados, lidera destacado o mercado. Quando alguém assim nos coloca entre as suas referências é bom. Quando alguém com esta importância nos cita, é ainda melhor. Isto, claro, sem desprimor para qualquer das outras citações que já nos fizeram, igualmente importantes. Sei que os referidos nos compreendem e, quiçá, concordam.
Posto isto, gostaria de dizer o seguinte. A análise de LPM é correctíssima, e por isso, se, em algum momento no post que assinei em nome da equipa, pareceu estarmos a vangloriar a Grande Nação Americana ou o seu complexo sistema democrático, peço desculpas aos nossos leitores porque de facto não era a nossa intenção.
A América está longe de ser uma sociedade perfeita, mas acredito que agora está bastante melhor. É bom ter sonhos e ainda melhor ver que tudo é possível num país tão desigual como aquele. Com Obama, o American Dream parece ter-se reacendido... pelo menos até falir outro banco.
A questão que colocámos tem que ver com transparência (eu sei que isto vindo de alguém que assina com iniciais não deixa de ter a sua piada). Aqui ao lado, em Espanha para quem tem menor destreza geográfica, é clara a ideologia política dos principais periódicos - ABC, El Mundo ou El Pais, por exemplo. Tão clara, que é possível um leitor do El Mundo ter de vir a Portugal para descobrir as suspeitas sobre a orientação sexual de Mariano Rajoy, líder do PP Espanhol.
Além disso, não foram apenas jornais Americanos a endossar Obama. O Financial Times, jornal económico inglês, também o apoiou. Mais uma vez, transparência fundamentada.
De volta à plebe, deixo umas perguntas que, quanto a mim, não reflectem uma imprensa tão centrípeta quanto as campanhas nacionais.
Quando o Expresso, em plena campanha presidencial, faz capa com uma fotografia de Mário Soares débil, a sair amparado do interior de uma carruagem, o seu Director não sabe o impacto que essa escolha terá? Não será esta uma forma de “não apoio” dissimulada?
Quando em vésperas das mesmas eleições a SIC entrevista Mário Soares, em cenários absurdamente barulhentos, tornando quase imperceptível as suas palavras, terá sido apenas coincidência?
Não quero com isto estar a questionar intenções, nem as orientações políticas de uns e de outros, mas se elas fossem claras não o faria certamente! Pura e simplesmente já saberia à partida quais seriam e daí faria as minhas escolhas.
O Independente, nos seus melhores tempos, aqueles onde, aparentemente, a redacção andava a toque de estimulantes, álcool e outros comprimidos, não era assumidamente um jornal de direita? Ainda assim não deixava de ter leitores de todas as facções, nem que fosse "só para dizer mal", como se faz tão bem por cá.
Será que em Portugal já não há jornais "amigos" de determinada força política ou Governo - nem que seja pela "cor" do seu Director?
Acredito sim, mas também que em Portugal não temos massa critica suficiente para manter financeiramente um jornal só à direita, ou apenas de esquerda. Que não temos Política nem políticos suficientemente indiferenciados. Que temos um País maioritariamente analfabeto, de costas voltadas para quase tudo o que não seja o seu umbigo (e o futebol), e que, embora tenha vivido uma das mais longas ditaduras Europeias há tão somente duas gerações, já não vota. Acredito que dificilmente este país "alimentaria" um sector bipartido já de si a viver dias muito difíceis. Acredito sim, que vivemos num País que já não acredita.