Há (más) notícias que me chateiam, sobretudo as que me vêm dar razão, mais cedo ou mais tarde.
Fui dos cépticos que diziam que "dificilmente o novo diário do Grupo Lena chegaria a ser lançado", fundamentando a minha opinião na crise que afectava (e ainda afecta) a Comunicação Social e o sector da Construção Civil. Mais tarde dei o braço a torcer ao ver surgir um projecto muito interessante, inovador e positivo, que ganhou o seu lugar entre os diários nacionais (acho que vendas diárias de 9000 exemplares é significativo para 10 meses de existência, ainda para mais num país ávido de tragédias), mas questionando-me desde logo sobre a sua viabilidade face às páginas despidas de publicidade.
Embora a comunicação não o transparecesse, com entrevistas optimistas de vários porta-vozes, inclusive do investidor e do director, que pareciam seguros e aparentavam estar preparados para uma caminhada difícil e lançavam bons sinais para o mercado, independentemente da secura da fonte publicidade, o jornal I ia caminhando para uma situação insustentável. Esta situação conheceu desenvolvimentos há dias com um comunicado dúbio e confuso enviado à redacção (que por sua vez o enviou às outras redacções) dificultando e muito (ou pelo menos retirando poder negocial) a possível venda do jornal a outros grupos económicos - onde estava o consultor de comunicação neste momento?
Tenho pena se o I não durar o suficiente para mudar, de facto, algo.
Tenho pena que os bons projectos se tornem rapidamente insustentáveis, por esta ou por aquela razão.
Tenho pena que a comunicação insista em criar realidades inexistentes que, mais cedo ou mais tarde, se desmoronam como castelos de cartas, contribuindo assim para o seu próprio descrédito.
Terei pena.