David Copperfield é um grande ilusionista. Fez desaparecer um boeing e a torre Eiffel. Colados ao ecrã, milhares de espectadores tentaram descobrir o truque. Não decoravam as palavras mágicas, nem os gestos que ele dramaticamente fazia. Sabíamos que era uma ilusão. Que não era verdade. Gostávamos, eram bons programas. A publicidade é muitas vezes assim. 30 segundos de puro deleite. Podemos saber que o que dizem é mentira, ter usado 20 vezes aquele detergente e saber de cor que nem uma nódoa de cuspo tira. Mas se os 30 segundos valerem a pena, no dia seguinte falamos deles e colocamos quem os pensou no Olimpo dos deuses da criatividade. Da próxima vez que formos ao supermercado, compramos o de sempre, talvez o mais barato, talvez o que tira as nódoas, talvez o de marca branca.
A publicidade funciona muitas vezes assim. Às vezes convence, outras não. Mas admiramos e reconhecemos a arte, o engenho e a ilusão de um trabalho, algumas vezes, artístico.
Quando trabalhamos em Media Relations não é assim. Não basta ser um bom ilusionista. Não basta saber uns truques. Quando trabalhamos nesta área, e se queremos ser mesmo bons, temos de ser mágicos. Ser mágico não é ter gestos hipnóticos, nem repetir palavras (conceitos) até que estes percam o sentido. A magia só é mágica quando invisível. Quando nenhum sentido a intui e, sobretudo, quando nem a intuição a sente. O consultor é anónimo e silencioso, calado para o mundo em geral, mas influente. Um consultor não fala, mas é a sua voz que anda na boca do mundo. E isto é magia.
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