José Manuel Fernandes e Mário Crespo foram hoje chamados ao Parlamento para depor perante a Comissão de Ética, Sociedade e Cultura.
Porquê, de todos os directores de jornais em funções, foi chamado o ex-director do Público, não sabemos.
José Manuel Fernandes classifica a actuação do Governo junto dos Media de “doentia” e, como exemplo, lembra uma entrevista que lhe foi negada em prole de outro jornal.
Ou seja, o Governo exerceu a sua liberdade de escolher a que Órgão de Comunicação Social deveria dar a entrevista e tal, aparentemente, vai contra a noção de Liberdade de Imprensa de José Manuel Fernandes.
O que a José Manuel Fernandes, e a outros grandes jornalistas incomoda, parece-nos, é, não os limites impostos à Liberdade de Imprensa, mas os condicionantes que a Liberdade dos Outros traz à actuação jornalística.
O problema aqui reside na falta de transparência dos nossos Órgãos de Comunicação Social. Se cada jornal assumisse de que lado está, neste clima de proto-guerrilha política, seria absolutamente óbvio o porquê das escolhas do Governo na hora de “oferecer” exclusivos. Sem surpresas que afectassem os incautos e sempre neutros jornalistas.
Não negamos que existam pressões. Nem tão pouco que exista uma espécie de censura, um “polvo” como o Sol resolveu chamar-lhe. Mas se o Governo é chamado a reflectir e ponderar o seu futuro, também é altura de os jornalistas pensarem e assumirem as suas responsabilidades.
Um jornalismo que almeja o estatuto a que Mário Crespo aspira, não pode, fazendo gala da Liberdade de Imprensa, fazer acusações graves ao Governo em funções socorrendo-se do “disseram-me que ouviram”.
Parece-nos óbvio. E continuamos à espera que o Sindicato dos Jornalistas consiga dizer algo inteligente sobre o tema.