quarta-feira, 29 de julho de 2009

Debate capital


Independentemente do que os candidatos disseram ou deixaram de dizer no "Debate Capital" de ontem, já lá vou, gostava de destacar uns detalhes que, regra geral, passam despercebidos a muitos eleitores.

Transporte: António Costa chegou à SIC de Smart e Pedro Santana Lopes a pé (os estúdios da SIC são em Carnaxide, a 20 minutos de carro do centro de Lisboa).

Indumentária: Trajavam roupa semelhante, sóbria. Fato em tons de azul, com gravata azul - a de AC lisa, a de SL mais arrojada. Nem um elemento da cor comum às duas candidaturas, o verde.

Linguagem corporal: AC calmo, tranquilo na cadeira; SL muito agitado, nervoso (saltou várias vezes da cadeira, ajeitou muito o colarinho) e exuberante nos gestos - mais do que o normal, inclusive por várias vezes as suas mãos "atravessaram" o ecrã.

Atitudes: PSL mais atacante, chegando a ser agressivo, com rasgos deselegantes; AC educado, sorridente e sereno, com comentários jocosos, para irritar o adversário (o que conseguiu por algumas vezes).

Ambos tinham um dossier de apoio sobre a mesa.

Nada isto é fruto do acaso. Estas coisas são trabalhadas, bem ou mal, pelos assessores e consultores, dias antes do embate, para que nada falhe. Horas e ver entrevistas, a estudar os temas e os tiques (pontos fracos) do oponente.

Acontece que neste caso houve uma coisa de falhou. Ficámos (lisboetas) na mesma. Sou levado a concordar com Inês Serra Lopes, hoje no i, quando diz que assistimos mais a uma guerra de egos, do que a uma troca de ideias sobre Lisboa.

Num debate de 45 minutos, estar 30 a discutir números e a culpa dos mesmos, não acrescenta nada de novo. Falar de passivo, activo, dívida a fornecedores, a curto, longo prazo e outros tantos vocábulos contabilisticos passa ao lado da grande maioria dos espectadores. Para mais quando se fala na ordem dos milhões.

AC, ao manter o discurso das finanças, o seu trabalho meritório, está a jogar o jogo de SL. As pessoas ficam confusas e desligam. PSL é forte no soundbyte e acaba por marcar o debate.

Ainda falta muito e pode ser que no próximo se fale menos de passado e mais de futuro, porque no fundo é isso que está em causa. O futuro.

1 comentário:

Gustavo Menezes disse...

Não posso deixar de discordar quando diz que AC foi educado. Há-de reparar que os golpes baixos partem todos dele, PSL apenas se limita a responder.

E é a AC a quem mais convém dispersar o debate a falar de números e do passivo, porque mascara o facto de não ter feito nada durante 2 anos à frente de Lisboa.